
Distúrbio social
Data 08/03/2025 12:57:08 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Mãos que apertam, bolsos cheios, Promessas vãs, discursos feios. O povo sofre, sonha em vão, Enquanto eles engordam com a corrupção. Vendem futuro por migalhas, Erguem muralhas, negam suas falhas. Será que um dia a voz se alça, E a justiça rompe com toda essa farsa? Na calada da noite, um grito ecoou, Mais um corpo no chão, ninguém escutou. O medo caminha de mãos dadas com o dia, Na selva de pedra, só há agonia. Justiça é palavra esquecida no tempo, Silêncio comprado com sangue e tormento. A vida tem preço, mas não tem valor, E a paz se perdeu no rastro da dor. No bolso do pobre, a mão do Estado, Leva o suor, o pão tão castigado. Prometem muito, entregam pouco, E o povo já não aguenta, quase louco. Os tributos sobem, mas nada melhora, A conta aperta, o tempo estoura. Enquanto uns nadam no mar de ouro, Outros se afogam sem nenhum socorro. Correm passos, gritam vozes lá fora, Tudo é pressa, tudo é o agora. O tempo some entre os dedos, E a vida é sintoma de medos. O que parece ser grande se faz raso, O que é belo se desmancha no acaso. No império do imediato, do urgente, Ninguém tem tempo, ninguém sente. Nos rios quase mortos, peixes ausentes, No ar denso, sopros e vapores ardentes. A terra grita, mas quem a ouve? O homem está cego, que já não se comove. Plásticos ao vento, despejados no mar, O lucro cresce, a vida a minguar. E quando o verde for só memória, Quem há de contar nossa história? Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
Instagram: @poetacacerense
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