
Que faço eu?
Data 20/03/2025 13:59:33 | Tópico: Poemas
| O que faço agora se chamo teu nome e me reponde o silêncio Se todas histórias que contam tem os vestígios de teu sangue Se só restam os solilóquios que te aninhavas a ouvir, sem pudor Entre os sulcos de antigas cicatrizes que ameaçam romper-se Eis que ocupas minha pele em tuas bandeiras de alento à dor O que faço se a brisa da tarde deita-se nas montanhas do sul Se meus lábios desejosos buscam o doce calor rubro dos teus Se as roupas do varal, ao ritmo do vento, exalam teu perfume Qual fantasmas ávidos a renascer no terreno fértil do desejo Que semeaste no meu peito onde resides, qual senhora de mim Os pássaros agitam suas asas no jardim, é hora de retomar voo Buscar um novo horizonte onde o sol jamais deite além do mar Vou voltar ao meu torrão no caminho traçado com meu nome Onde escrevias te amo com o vapor da boca na janela da sala Se ao menos um sinal me desses, sei lá, nascer de novo os lírios Dos quais carregavas para nossa cama nos cabelos o perfume Ou se ligasse o rádio e lá tocasse aquela música que cantavas Quando à luz do luar, o sereno vinha sobre nós como pérolas Um sinal que me dês com o caminho certo para te encontrar Seguir um vento vespertino entre as nuvens cinzentas no céu A tempestade que preceda à calmaria d’uma nova primavera Dar a senha para retomar o sonho do ponto em que acordei Só um breve signo e alçarei voo para pousar entre tuas coxas Minha boca deitará sobre a tua e tornaremos a noite infinita Pois que de carne e beijo é que tua lembrança reside em mim
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