Para Vandapaz (99ª Poesia de um Canalha)

Data 29/03/2025 17:38:17 | Tópico: Poemas

E mesmo que a morte me beije eu me ergo
Devoto lhe roubo vida da velha opa tisnada
E num último abraço a trago assim em mim
Se insana queimar essa alma que postergo
Me leve igual corpo que tudo vale sem nada
Deste caminho de meio princípio e novo fim

Que se permita dor e flagelo por estas mãos
E de olhar vendado se vislumbre o outro dia
Tingido por estas cores imaginárias do poeta
Mundo clivado p'lo ódio de amantes malsãos
Fogo qu'arde sem se ver na fogueira doentia
Adágio qu'a sua vida já desumana interpreta

Que depois cresçam nos campos novas flores
Na boca dos povos novos verbos ditos de paz
E que os livros ganhem asas que não tivemos
Que o pão não escasseie e mate outras dores
As lágrimas sejam chuva do passado lá atrás
E tu ainda lembres a vida que vivos sentimos

E mesmo que a morte me leve ainda vejo
O sorriso que os meus pais aqui deixarem
E numa folha escrita em branco o amanhã
Se insana quiser queimar este meu desejo
Triste recorde os epitáfios que me fizerem
E caia a meus pés seu mundo de glória vã


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