
Ana
Data 18/04/2025 20:41:58 | Tópico: Poemas
| [aos moldes da poesia contemporânea]
Eu necessito inventá-la toda manhã porque só sua ausência foi presente.
Tecê-la pictórica — inventá-la — como se o sol nascesse desses olhos entre as linhas das montanhas da cidade, compondo aos meus olhos um mapa cego de luz.
— reinventá-la —
para poder dizer-lhe neste instante do crime: tua beleza assalta-me a razão.
E a realidade já não é senão uma mímesis de algum lirismo xoxo... capenga... o que seja.
Mas é preciso pintá-la com certo eufemismo: a imponência dos anjos não se emolda às retinas.
É necessário reinventá-la à luz criadora presente acima da ilusão das cores — e não com as cores (as cores, reinventá-las): pois cores descascam as horas, inventam outros tempos, amarelados de fusos.
Seria exigido mais que as mãos à esculpir o silêncio do mármore.
Seria necessário criá-la.
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