
África, minha África, Abra teu manto E cubra tua gente. Abra teus olhos E recolha lágrimas derramadas Nos jazigos da tua fartura. África de genguva e cacimbo, Acorde, e diga não: Aos olhos de abutres Que vigiam teu quintal. Diga não aos tentáculos, Que de longe Sugam fruto do teu ventre-mãe. África, África minha, De natureza és rainha, Em teu ventre recheado de fartura, Está à cobiça do ocidente, Que quer ver-te no eterno sono sem sonhos. Cobiçada pela fertilidade do teu ventre, Ocidente tenta calar teus sonhos altos, Dando migalhas à tua gente Adormecida na corda bamba do tempo, Pra perpetuar bocas de botijas Ligadas ao suco do teu ventre-mãe. Ó África, África dos africanos e africanas, Abra os olhos e não adormeça Nas vagas do tempo. É tempo de dizer basta ao Suga-Suga Das tetas do chão gemente. A verdadeira União Africana é o querer Que se quer pra uma África independente.
Adelino Gomes-nhaca
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