Um tempo que escorria lento em olhos meus E trazia no horizonte d'homens bons sua voz Fez-me deserto, fome e sede, mortal imortal Noutro mar que me fazia esquecer do adeus Que com angústia escrevi a cada um de vós E deixei navegar sem rumo no chão desigual
Um outro qu'se passeava apressado no peito E me levava num bater sincronizado a calma E os dias que parados m'olhavam a cegueira Neste agora sem passado o futuro sem jeito Deitado de lado num aconchego que acalma E a terra que chora e pede nova sementeira
Dos dois nenhum pobre náufrago se salvava Nem o vento que bateu na água com mágoa E as asas de tristes pássaros ali moribundos Nem tampouco o amor que o marujo levava E deixava ali sem abraços numa doce frágua E as rugas duns teus velhos olhos tão fundos
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