Para Luxena (108ª Poesia de um Canalha)

Data 07/05/2025 19:13:50 | Tópico: Poemas

Um tempo que escorria lento em olhos meus
E trazia no horizonte d'homens bons sua voz
Fez-me deserto, fome e sede, mortal imortal
Noutro mar que me fazia esquecer do adeus
Que com angústia escrevi a cada um de vós
E deixei navegar sem rumo no chão desigual

Um outro qu'se passeava apressado no peito
E me levava num bater sincronizado a calma
E os dias que parados m'olhavam a cegueira
Neste agora sem passado o futuro sem jeito
Deitado de lado num aconchego que acalma
E a terra que chora e pede nova sementeira

Dos dois nenhum pobre náufrago se salvava
Nem o vento que bateu na água com mágoa
E as asas de tristes pássaros ali moribundos
Nem tampouco o amor que o marujo levava
E deixava ali sem abraços numa doce frágua
E as rugas duns teus velhos olhos tão fundos



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