
Muitas Coisas a Recordar…
Data 13/05/2025 01:38:56 | Tópico: Poemas
| Como é que é possível? Voltar…
Ao nosso ponto de partida, Onde as memórias dispersas se juntam, Onde quase tudo, Ou melhor, Onde, Tudo começou, Florescendo, crescendo, Crescendo loucamente, Em verdadeira bebedeira, De azul e cor-de-rosa Meu amor... Oh, como eu, Gostaria de recordar, Quantas vezes, Que fugimos daqui, Perturbando os pobres pássaros, Que ainda estavam a dormir, A dormir profundamente, Quando chegávamos.
E nós, Que vínhamos, Mais uma vez sôfregos, Para o nosso ninho... Ninho de amor, Pondo fim a tanta tranquilidade.
Entre poucos, e que não eram muitos, Esta foi a que escolhemos, O especial, Só nosso, Era mesmo o nosso ninho.
Eras tu... que, Tomavas sempre a iniciativa, De praticamente tudo, Mesmo que às vezes...
Com um pouco de medo…
O medo de sermos descobertos, Mas lá estavas tu mais uma vez, A caminho do desconhecido...
Depois...
Depois rimo-nos, Rimo-nos muito, Rimos com carinho, Acima de tudo, Com muito afeto, O afeto...
Era uma das coisas, Entre outras, Em que éramos muito bons, Tínhamos afeto para dar e para vender, Transbordávamos de afeto, O nosso afeto não tinha limites, Afetos que nunca desperdiçámos, E acabávamos por partilhar, Para quem não tinha.
É verdade!
Essas inúmeras vezes, Sem realmente nos apercebermos, As nossas lágrimas se misturaram, Num mar de alegria ou de tristeza.
Não tenho memória, De conhecer alguém tão carinhoso como tu.
Não podias ver alguém com fome Quantas vezes, Não comias para dar a alguém, Desculpavas-te, Dizendo que não tinhas fome.
Por isso mesmo, Seria ainda pior, Do que um crime, Esquecer este lugar, Seria o mesmo que negar tudo, Do pouco que vivemos.
Mas mesmo assim, Fomos sempre autênticos, Sofrendo e sempre insatisfeitos, Sempre quisemos mais, A vida que vivemos, Estava sempre cheia, De pequenas coisas, Que se tornaram tão grandes como o universo.
Sim, nós temos! Tudo o que os outros, Não conseguiram, Nem a mais ínfima migalha!
Vivemos muito, Muito mais do que outros, Em tão pouco tempo, Tempo…, que não tivemos, Porque o tempo não nos deixou!
Sim, eu sei... Eu tenho a obrigação, De me lembrar, Quantas foram...
Mas meu amor, Foram tantas as primaveras, Que passaram por mim, Tantas... Inúmeras vezes sempre a pensar em ti!
Tantas, Que eu já perdi sua conta e o seu cheiro. O cheiro... Algo tão indelével, Tão imperfeito e efémero para os outros, E tão doce para mim, E hoje é uma memória eterna em mim.
O teu cheiro, É uma das poucas coisas, Tuas que mantenho intactas.
Eles não o sabem, Nem desconfiam.
Acredita em mim meu amor, Que o teu perfume está muito bem guardado.
É impossível que o roubem, É impossível perdê-lo, Eu guardo-o debaixo da minha própria pele, É mesmo... Só meu!
É verdade… E mesmo no dia em que eu morrer, Levá-lo-ei comigo, Para finalmente to devolver, Porque nesse dia já estarei, Definitivamente ao teu lado.
Diogo Cosmo∞
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