Amar, é sofrer com um propósito

Data 13/05/2025 23:02:46 | Tópico: Textos -> Amor

Estou aqui, amando
outra vez.

E não há vergonha nisso, embora o mundo insista em rir da ternura.
Sim, amo novamente. Como um tolo? Talvez. Como um homem? Com certeza.
Porque o amor, o verdadeiro amor, não se curva ao tempo,
nem se encaixa em molduras de ocasião.
Ele não pede licença. Ele invade. Ele consome. Ele revela.
Não há lógica nele.
Não floresce como as estrelas, que são frias, distantes e previsíveis.
Nem se despede com a elegância de um pôr do sol.
O amor não é bonito. É visceral. É uma entrega — muitas vezes desesperada.
É uma escolha diária, mas também uma possessão que transcende a vontade.
Fazê-lo dar certo? Isso exige mais do que gestos.
Exige que entreguemos as únicas coisas que realmente temos:
a alma — tão rasgada e imperfeita quanto for —
e a confiança, essa tolice corajosa de acreditar no outro.
Dizem que casamento é contrato, namoro é passatempo.
Mentem. Ambos, se verdadeiros, são pactos —
sagrados, silenciosos, e profundamente humanos.
No seu ápice, são trocas de amor,
e não moedas baratas de carne ou ouro.
O amor…
Ah, o amor é a única coisa que ousa enfrentar o abismo da morte
sem temor de se perder.
É o único gesto capaz de nos arrancar de nós mesmos —
e nos lançar na existência do outro.
E quem nunca amou de verdade —
quem nunca se viu pequeno, nu e frágil diante de alguém —
esse vive à margem do que é ser humano.
Sem amor, o homem é só um animal bem treinado.
Um monstro que aprendeu a sorrir.
Um egoísta polido, condenado a si mesmo.
O amor chega sem bater.
Vai embora sem pedir desculpas.
E mesmo assim, esperamos por ele.
Mesmo assim… eu estou aqui.
E amo.


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