Umbigo

Data 15/05/2025 01:29:19 | Tópico: Poemas

Há um tambor que não se cala
mesmo quando o ventre não verteu.
De lá vêm os passos,
desnorteados, como se dançassem
em volta de um berço que nunca houve, uma fogueira que não ardeu.

Às vezes acordo jovem,
com o corpo suado de um parto sem filho.
Às vezes velha,
com os seios cheios de uma fome que não sei saciar.

Fui todas,
a que rompe, a que afoga, a que gira,
a que ouve a música dentro da terra
e a mastiga, sem engolir.

Não me dei, herdei,
pari e sangrei.

E tu, que assistes de fora,
nunca saberás se danço para chamar ou para cuspir o mundo.



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