Amor?

Data 01/06/2025 21:50:57 | Tópico: Poemas

Sua carne palpita. Seu coração acelera. Seu corpo quer amar.

Mas seu amor não é feito de flores.

Seu amor solicita, ordena um arco-íris de sensações, todas moldadas por você.

Então, sua face se avermelha, quente, dominada por seus desejos mais instintivos.

Seu corpo agora recende ao querer, seu sexo está pronto para acasalar, para se dar.

Sua entrega nunca é dócil, nem mansa, é guerreira, tanto quanto a dureza de que usa para me submeter. Seu mais íntimo e recôndito fragmento está entumescido, seus seios são desafiadores .

Tudo me convida à fome, a fazer o que te prende a mim, te ver suspirando em chamas.

Você, então, sorri baixinho, plena e realizada.

É inevitável voltar-me para meu desejo, meu medo, minha ambiguidade sobre você.

Odeio amar seu corpo, me sentir usado, ultrajado, mas me revolto, manipulando seu desejo até vencê-la. Você só se distancia de mim até que eu a toque. Sua altivez, sua soberba, sua independência acerbam minha vontade de domínio, mas, por que, diabos, me vejo como a vítima de um predador implacável? Vou me insurgir, vou exercitar o poder que sempre me acompanhou em tantas camas. Não posso te controlar, mas posso te fazer entrar em um transe no qual seu corpo é fugazmente meu, porém, tomando posse do meu. Posso não te vencer nunca, ainda assim não permitirei que se aposse do meu ser de modo tão avassalador. Não serei seu súdito, seu objeto de prazer tão somente, quero usufruir do seu corpo, do seu sexo flamejante, numa entrega que também furta, fere e subjuga. Você não me cumprimenta quando a encontro casualmente na rua, me ignora de um modo que machuca. Eu não a convido para um jantar. Por que somos assim? Não poderia ser diferente, nesse amor ancestral pré-histórico: a mulher com as pernas abertas não convida apenas ao amor, convida à uma forma de posse, que a atinge em seu âmago de fêmea.

Por que, então, sinto que sou eu o possuído?

Vou despertar seu desejo mais uma vez, bolinar em seu ego, morder delicadamente, submisso, seu sexo misterioso e tentador.

E nesse momento saberei que você, enfim, tornou-se brutalmente mulher, está em paz.

Uma paz breve, que durará até nosso próximo encontro, fugaz e avassalador.

Fazendo aflorar meu prazer de macho alfa e sua volúpia dominadora.

Somos amantes de um momento de dor emocional extrema, mas de um prazer refinado e obsessivo

Descanse agora.

Durma em paz com seu corpo provisoriamente repleto de amenidade e seu amor insondável satisfeito.

Você sabe, e eu também, que amanhã estarei de volta. Ainda tremo só de pensar em dizer que te amo...


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