Sob a engrenagem das marés

Data 06/06/2025 09:58:50 | Tópico: Poemas



Pressinto um frio sem refúgio

nesta vertigem das palavras

casa incerta

quando as noites acordam

e atravessam manhãs encandeadas de crepúsculos.

Às vezes feitos de lâminas

lugares de ventanias onde estala a tempestade.



Os dias revolvem-se

em gestos de esquecimento



alinham-se no tempo

sob a engrenagem das marés.



As palavras

aves exiladas

deslizam pelos estilhaços da luz

num voo sem abrigo

até se desfazerem em ervas daninhas

onde a memória se escreve

a sangue e vento.



E entre os rastos do dia

sopram cânticos de cinzas

vozes de um horizonte afundado na garganta das horas.










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