Matriz

Data 10/06/2025 19:25:48 | Tópico: Poemas

Às vezes acordo filha
de uma mulher que nunca nasceu.
Outras, sou mãe
de um ventre que me esqueceu.

Há um rumor de leite nos espelhos,
e vozes — tão fundas —
que me falam sem rosto ou nome.

Ando com os pés rachados
de carregar primaveras que não tive
e outonos que ainda ardem.

Ser mulher, por vezes,
é um animal de lama e ouro:
que dança com o fogo e as cinzas,
fala com as sementes
e ama o que não veio.



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