
O sentido corrompido
Data 16/06/2025 17:24:13 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Há um instante em que o coração se inclina, Não mais para o que é puro, Mas para o brilho falso Daquilo que o mundo chama de conquista. É quando o sentido se corrompe, Como um rio que, ao invés de seguir para o mar, Se perde em charcos de vaidade. Buscamos aplausos, Como se o eco de vozes alheias Pudesse preencher o vazio que cavamos dentro. E confundimos o reflexo com a essência, A imagem com o ser, O elogio com a verdade. A vaidade é um espelho sujo, Que deforma o que temos de mais humano. Faz-nos esquecer que a beleza real É feita de silêncios, De gestos pequenos, De quedas e reconstruções. Perseguimos uma perfeição ilusória, Ignorando que o que nos priva dela É justamente a ânsia de parecer perfeitos. Quanto mais corremos atrás da máscara, Mais nos afastamos do rosto. O orgulho grita, Mas a alma sussurra. E no fim, tudo o que sobra É um gosto amargo De ter amado mais a aparência Do que a vida em si. Quem dera entendêssemos cedo Que o valor de um passo verdadeiro Vale mais que mil caminhos encenados. Que a humildade é a ponte E a vaidade, o abismo. E que a perfeição, se existe, Mora apenas no instante Em que somos inteiros, Mesmo que imperfeitos. Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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