
Quando me lembro de mim
Data 18/06/2025 15:11:27 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| Às vezes, no silêncio entre dois passos, Um pensamento antigo me alcança. Não vem como relâmpago, Vem como brisa que atravessa Janelas mal fechadas, Trazendo o cheiro da infância Ou o gosto de uma esperança esquecida. É nesses instantes que me lembro de mim. Não do nome, Não da profissão, Mas daquele que sonhava escondido no quintal Com mundos impossíveis, Com vozes que o mundo ainda não escutava. Há lembranças que não são imagens, São sensações: A vertigem antes da escolha, O calor do primeiro erro, O silêncio após a última palavra não dita. E então percebo: Sou feito desses fragmentos, Do menino que desejava voar, Do jovem que não temia o escuro, Do adulto que ainda procura abrigo em versos. Cada pensamento que volta É um espelho sem moldura, Onde enxergo não só o que fui, Mas o que continuo sendo, Mesmo quando esqueço. Porque no fundo, Somos memória viva, Feito páginas escritas a lápis, Onde o tempo tenta apagar, Mas o coração insiste em reler. E quando me lembro de mim, Não é passado que retorna, É a raiz que me sustenta, O fio invisível que me costura E me permite continuar sendo Mesmo entre tantas versões. Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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