Mar Dentro

Data 20/06/2025 02:36:41 | Tópico: Poemas

Amar-te foi recolher as migalhas
do pão que partilhavas com o destino.
Fui mendiga dos teus gestos,
mas firme,
como quem planta flores num chão de exílio.

Nunca precisei que me visses
bastava seguir,
mesmo quando já não havia terra firme.
Permaneci.
Não por fraqueza, por escolha:
por ser inteira na certeza e no desamparo.
Amar também é afundar
sem largar o que se é.

Fui brisa que velava teu barco,
silêncio que dormia ao teu lado,
mãos que não tocaram,
mas guardaram.

Ainda assim, fui tua.
Não só no brilho,
mas no naufrágio.
Na parte do amor que ninguém inveja,
na parte que não se escreve,
a que morre com a mulher que espera.









Há quem fique, mesmo quando se entrega ao mar.



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