Travessia

Data 20/06/2025 13:46:39 | Tópico: Poemas



Uma cidade longínqua

já escassa

vai-se despindo por dentro

desfaz-se no amanhecer

semidormida.




Respiro a aragem extinta da noite

sou célula

pulmão




artérias que se dissolvem

na penumbra.




Sou o silêncio no horizonte

ecos do tempo em cada esquina

passos dispersos na poeira dos dias

rosto esquecidos em janelas abertas.




Sou destino

cruzo mares.

Levo na pele a marca da travessia

[ o sal colado à memória ]

orla de instante

que nunca se fixa.




Sou vaga

sou sombra




vertigem

e despedida




o regresso do vento

e das palavras não ditas.








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