Coreografia da ausência

Data 26/06/2025 01:39:53 | Tópico: Poemas

Havia um parque.
Uma lembrança de pássaros,
de água entre pedras, árvores e uma ponte
à espera de nomes.

Havia um lugar, um quase-lar,
um teto sem passado,
lençóis por estrear,
como quem quase toca
o voo nos olhos do outro,
sem alcançar o abraço
que já ardia na pele.

No mapa, faltou uma dobra:
o instante antes da chegada.
A varanda seguiu sem corpo,
o silêncio, desalinhado.
A surpresa dormiu na mala.

Desde então,
a ausência marca o passo,
aprendeu o ofício
da visita inteira.

Veio.
Não por pés,
mas por dentro.

E eu,
com a presença e o livro não escrito
na bainha da memória,
guardo fogo debaixo do lago
e danço.

Sem música.
Sem rodar.
Sem par.
Sem fim.


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