
No meu espírito chove sempre,
Data 26/06/2025 11:07:54 | Tópico: Poemas
| Rainer Maria Rilke
No meu espírito chove sempre, E justamente como eu quero, Chuva triste, anónima a chuva, Anónimo eu, será que existo nela
Ou entre mim e eu, há um fosso Cavado e eu parado recurvado Assomo o poço, aceno, sou eu Por baixo, o rasto da lua cheia
No escuso fundo, meu futuro Uma nau, pavio apagado, navio Sem pavilhão nem passado, porto De abrigo sob estandarte inimigo.
No meu espírito sempre chove, Chuva forte corpo enlameado, nu Por fora e por dentro sem vida, Inda um riso forçado na boca,
Contragosto em forma dúbia, Indefinido, a ele fiquei preso, E à dúvida de mim mesmo eu Ser, quando mordo me belisco
Neste ou num mundo outro, Onde eu entrei sem ser ouvido, Ou visto a sair, sem dele sair, Pois serei quem sempre fui,
Desconhecido justo com'quero Brisa ou vento, nuvem sobre A floresta, por debaixo quem Me lembra acabará esquecendo,
Assim como um caminho rural Mal calcado se quer esquecido Por não pertencer a ninguém, Nem vivalma seguir por ele.
Joel Matos, Junho 2025 https://namastibet.wordpress.com/
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