
mais alma do que massa
Data 29/06/2025 17:57:08 | Tópico: Prosas Poéticas
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Era uma rua comum, talvez nem tão bela, mas nela havia o ritual sagrado das manhãs. O tempo passava devagar ali, como se os ponteiros tivessem preguiça de cortar o silêncio. Cada janela aberta era um convite para que o mundo se lembrasse de sentir.
O cheiro não pedia permissão. Era pão, era infância, era a certeza de que tudo o que importa começa simples: trigo, água, calor e espera.
Mãos pequenas talvez nem soubessem, mas carregavam o universo inteiro ao agarrar o primeiro pedaço, ainda quente, ainda mais alma do que massa.
Hoje, a rua mudou. As buzinas espanam os cheiros d'outrora. As padarias de janelas azuis viraram fotos. Mas há algo que ninguém levou: essa saudade que visita com cheiro e forma de pão. Ela é minha... E talvez, tua.
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