
Vaivém
Data 16/07/2025 18:14:16 | Tópico: Poemas
| Anos passados, eu a encontro ao acaso, ela parece me sorrir Decido, destarte, por falar de coisas triviais, coisas outras Nada digo sobre seu perfume, apesar desta noite enevoada Uma sensação de umidade, a lua ocultada, estrelas alheias Não será conversa sobre o passado, penso falar de futebol Isso evitaria abraços e distrações. O que houve foi silêncio Os ruídos noturnos nos levam ao sofá, contudo o ar gelado Nos aproxima um tanto a mais que a prudência recomenda Na chaleira a água vai além do morno, ferve a fazer o café Não, não pergunte, nem me diga que sente pelo acontecido Faço uma pausa, escolho outra música para tocar, creio eu O relógio tiquetaqueia por minutos que se somam em horas O tempo não se distribui na medida de nossas necessidades Sabemos o que isso pode fazer-nos (e nem é preciso dizer) Não importam porquês, a roda do tempo não retorna atrás Ela deixa sua blusa semiaberta, vê-se a volúpia em sua boca Nas respostas do que não se perguntou e não se quer saber Acaso tu te atreves? Atrevo eu, solto o cordão do sapato Ponho descalços os pés, faço-os tocarem de leve nos seus Curiosamente ela murmura uma canção antiga, eu conheço Porque o fazes assim, fica tão difícil não desnudá-la, penso Carreguei sua foto na carteira por mais tempo que queria Quando me dou conta já esfregas aquela tatuagem em mim Ela se adere ao meu peito, sobre todas as cicatrizes de ti Sinto o calor de teus seios hígidos me roçarem em vaivém Já não há mais o que fazer, outra vez restamos apenas um Entre as cobertas, dizes que não queres falar sobre nada Então que queres que eu faça se tu me olhas com paixão Além de te tomar em mim, sem ponderar as consequências Imagino que tu fizeste de caso pensado, mas nem importa Lá fora a neblina já deu lugar à chuva, não pretendo sair
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