Boca de Ninguém

Data 30/07/2025 00:28:06 | Tópico: Poemas

Trago nos ossos,
um idioma
anterior ao desejo.

Não me demoro
em pele sem seiva,
nem aceito sede
que não me lave por dentro.

Há orações
que só se dizem
com a boca
cheia de vazios.

Enquanto te explicas,
      eu canto,
    danço…

Sobre a palavra
esquecida do mundo,
onde os homens perdem a fala,
e o meu nome inscrevo,

não em pedra,
nem em fogo,
mas no silêncio
que engole o som,
na ferida
suspensa no ar,

onde meu corpo,
verbo em estilhaço,
explode,
esgarça,
desfaz-se em traço,

e deixa atrás
apenas um eco
que me esboça
em bruma:

pó de sombra,
chama
que nem sempre arde,
mas sussurra.



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