Subsolo

Data 11/08/2025 03:13:55 | Tópico: Poemas

Há um limo que me cobre a pele,
mesmo quando o corpo parece limpo.
De dentro, escuto a umidade,
vozes de raiz,
rindo baixinho das minhas tentativas de ser pedra.

Às vezes acordo musgo,
agarrada à parede do mundo,
esverdeando a memória.
Outras vezes sou fungo,
crescendo no que deixaram morrer.

Sou a que se desfaz de pé,
a que assobia nas cavernas,
a que dorme entre os minerais,
à espera do sismo.

O espaço entre
a queda
e o
chão.

E tu, que só vês superfície,
não notas: há beleza que apodrece devagar,
como quem espera ser solo.


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