
Sobre as desigualdades
Data 21/08/2025 17:45:15 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Desigualdades São como rachaduras no chão por onde caminhamos: Alguns andam descalços sobre pedras afiadas, Outros deslizam com sapatos de seda. As desigualdades nos atravessam como ventos frios, Uns se abrigam em palácios, Outros se encolhem sob a ponte. No cotidiano, o pão falta em uma mesa, Enquanto sobra e se perde em outra. As lágrimas de uns viram silêncio, As dores de outros Se escondem atrás de cortinas de luxo. A vida sofrida caminha ao lado da pressa, Vende doces no sinal fechado, Carrega tijolos que nunca serão sua casa, Enquanto olhos distraídos fingem não ver. O cotidiano é um palco de contrastes: Risos de cristal soam em salões iluminados, Ao mesmo tempo em que choros abafados Ecoam em quartos escuros sem janela. A vida sofrida pulsa nos becos, Nas mãos calejadas que carregam o peso do mundo, Nos olhos que sonham com um amanhã menos árido. E ainda assim, no meio do peso, Nasce uma teimosia de esperança: A criança que desenha o sol no caderno gasto, A mulher que inventa beleza com pouco, O homem que partilha o pão escasso. Apesar do fardo, Há quem floresça na margem: Um sorriso que resiste, Um gesto de partilha, Um sopro de esperança que insiste Em dizer que a vida pode ser justa, Mesmo quando o mundo não é. A dor é real, mas também o sonho. E é nele que se acende a chama De um amanhã que insiste em chegar. Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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