
sem título
Data 22/08/2025 18:58:23 | Tópico: Poemas
| é ela, a água enorme, a escorrer nos aquedutos, artesanalmente aberta como na sua infância em fuga. - derrubada a água sobre o cimento, plana. as luzes da melancolia invadem o escuro dos aquedutos. por sobre a água e as luzes, entoa-se o arrefecimento e a solidão imponderada da substância. espantando a água sob as águas do mundo imaturo, irrelevante, acordará toda a dor da matéria. os aquedutos correm com a água desabando as circunferências e os desníveis da massa redonda, até os minerais serem dados como milagres do ar que sucede ao canal da ventania sucedendo o ar que entra, que sucederá ao ar que sai pelas condutas tristes. no escuro. noite, vibrações, pedras, resíduos químicos, vidros em combustão com a força arrasada da água como se trabalha. mexe à inércia: - bailando pelas águas com tremenda vontade de espantar as pessoas se não as pensam ou sabem donde a água regressa. a água encanta as goelas de quem a ingere num sorriso oculto. atravessada a água pela boca do nome. sei que as golfadas admiráveis da água nos fundos das goelas redebrilham. num instante redebrilham de água fluída. continuam a deslizar os aquedutos por entre a terra fundamente invadida pelas fundações de quem os mete lá dentro. aquedutos de água sem vocabulário ou consoantes e vogais para gritar a morte da água. desenha-se a água pelos lados da boca embriagada contra o betão espesso. a boca manda calar a engenharia dos aquedutos vastos. e toda a água inventa a água, fechando-a nos aquedutos carnais, iniciando os sentidos da vida: - a água escorrida.
«a morte do amor» 2025
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