
Eu o café e a xicara
Data 28/08/2025 11:59:57 | Tópico: Poemas
| Daqui a pouco abrirei os olhos e o mundo poderá se revelar apenas um sopro de sonho, uma bruma delicada que se desfaz com a manhã. Levantarei devagar, o cheiro do café subirá como fumaça dourada, enquanto a luz se derrama sobre a mesa, e eu deixarei uma xícara extra, como quem planta uma promessa no solo fértil do acaso. Quem sabe, nesse instante suspenso, você também se erguerá, um reflexo tímido do meu despertar, e nossos olhares se encontrarão antes que a realidade nos detenha. Se tudo for sonho, haverá poesia nas mãos que se movem, na ternura que se dobra sobre gestos simples, no silêncio que se torna companhia, e na xícara que espera alguém que talvez nunca tenha ido embora. Se for real, então o tempo se curva a nós, o riso se derrama como luz líquida, os minutos se alongam como o aroma do café, e cada gesto pequeno se torna um mapa secreto do coração, uma declaração muda de que, mesmo em instantes frágeis, somos encontrados. E retorno no anoitecer e a xícara está lá sem ninguém tocar.
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