
Corpos de sal e ardor
Data 01/09/2025 12:51:38 | Tópico: Poemas
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Escrevem-se ainda em murmúrios rasgados palavras que a noite nunca consentiu.
Um silêncio erguido em grito suspenso nas pálpebras dos que amam demais com os olhos perdidos nas vísceras da distância.
Fome e verbo deslizam na pele numa dança de líquida ausência. Os corpos órfãos do instante trazem nas mãos o sal e o ardor do que nunca se cumpriu.
Despenham-se desejos em tábuas febris de memória onde o amor se faz exílio e oferenda.
Somos criaturas maiores de lume e mar levando nos ombros a espera em forma de espinho
e nos ventres a eternidade suspensa de um beijo calado.
Escrevem-se ainda nas margens do tempo os amantes que só sabem existir em verbo.
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