Só tens de verdadeiro o desengano

Data 05/09/2025 11:18:22 | Tópico: Sonetos

Só tens de verdadeiro o desengano,
Eis-me agora, eu que sempre te pensei,
Mas nunca te quis, nunca te abracei,
Inexorável causa do meu dano.

És tu, imenso muro de Adriano,
Construído com as dores que te dei,
Mais as que me provocas, que nem sei,
Quem me envolverá num último pano.

Já tantos enfermaste, outros levaste,
Estiveste nas fogueiras que ateaste,
Nos vis olhares de ponto-de-mira…

Assististe a cada alma que tombaste,
Não pode ser por ti que o mundo gira,
Meu pecado assim lembrado, minha ira.

27 de Agosto de 2010



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