
O mal está na letra P
Data 07/09/2025 12:37:28 | Tópico: Poemas -> Crítica
| Políticos, partidos, parlamento: Vestem ternos de fumaça, Legislam palavras como correntes, Alimentam a podridão com flores de retórica. Padres e pastores: Vendem céus parcelados, Esculpem pecados em ouro, Sussurram conformismos Que amansam feras famintas. Patrões e polícia: Vigias da ordem torta, Arquitetos de silêncio, Moldam o suor em grilhões invisíveis, Fazem da colaboração uma prisão voluntária. Pais e professores: Sementes de ideias, Mas tantas vezes regadas Com medo, tradição e obediência; Educam para caber no molde, Não para transbordar dele. E o povo, Espelho de todos os outros, Carrega a chave e a algema, O grito e o silêncio, A revolta e a resignação. É causa e consequência, Carne do mesmo corpo Que oprime e é oprimido. No fim, Todos são reflexos da mesma engrenagem, Um teatro em que cada ator Representa a máscara que lhe deram, Sem notar que o palco É feito de sua própria carne. Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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