
Manifesto
Data 29/09/2025 18:25:16 | Tópico: Poemas -> Intervenção
| Nós, seres pulsantes, Não somos apenas carne, nem apenas pensamento, Somos linguagem em estado de ser. Nascemos nomeados, E desde o primeiro som que nos designa, Começa o lento e infinito processo de nos escrevermos. Rejeitamos a ideia de que a palavra é mera ferramenta. A palavra é origem. É nela que o mundo toma forma, É por ela que existimos diante do outro e diante de nós mesmos. Ser é dizer-se Mesmo que em silêncio, mesmo que entre ruídos. Mesmo que com palavras quebradas, Incapazes de conter o abismo que é viver. Acreditamos que cada ser é um texto em reescrita constante. Que o humano não se encerra num rótulo, Num título, ou numa sentença. O humano é metáfora, É entrelinha, É aquilo que escapa da definição. Proclamamos o direito de sermos ambíguos, Misteriosos, contraditórios, Porque tudo que é vivo pulsa entre extremos. Defendemos o silêncio como forma de linguagem. A pausa também fala. O não dito também constrói. Negamos a tirania do sentido único. A verdade não é uma só, Ela se dobra, se esconde, se revela em camadas, Como o próprio ser. Por isso, caminhamos como poetas da existência. Reescrevendo o que somos a cada encontro, A cada queda, A cada descoberta De um novo nome para a dor ou para o amor. Somos o verbo que vibra. O som que tenta alcançar o infinito. O homem feito em palavras, Inacabado, indomável, Eternamente em construção. Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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