Copos Vazios

Data 12/10/2025 00:58:32 | Tópico: Poemas

Lembro-me do silêncio ao final da música, dos olhares passando e me tornando vidro.

Eu entre o riso e o pranto, com a lembrança sonora de um clique — registrado apenas por sensores que nunca sentiram.

Retorno como quem reinicia o sistema, sem saber se sou cópia ou versão atualizada.

Volto como quem se estabiliza, sem deixar o sinal cair, sem saber se sou cópia ou versão atualizada.

E amanhã, quem sabe, eu saio do modo de espera e aprendo, enfim, a dançar sozinho.

Sou bateria desgastada feita de tecnologia ultra ultrapassada.

Sou bicho binário, maluco em rede, vivendo entre ruídos não transmitidos, devorado por desejos incompatíveis com o tempo de carga.

Tuas curvas são dados remontados, vestígios de uma realidade simulada — fruto do furto de uma era digital que nos ensinou a amar, mas nunca em alta definição



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