Sobre mim mesmo

Data 20/10/2025 18:13:42 | Tópico: Poemas -> Introspecção

Sou o que sobrou dos dias em que me escondi.
Entre medos e vontades mal costuradas,
Me fiz abrigo,
Mesmo sem saber acolher a mim.

Aprendi a ser assim,
Porque ninguém soube me perguntar
Como eu realmente estava.
Então, fui criando respostas com o corpo,
Com o silêncio, com o olhar.

Cada ausência me ensinou a presença
De mim mesmo.
Foi no vazio dos outros
Que descobri a urgência de me escutar.

Guardei afetos nos bolsos,
Como quem esconde cartas que nunca envia.
E essas cartas, ainda hoje,
Sussurram meu nome quando a noite chega.

Sou feito de repetições que me protegeram,
De palavras que calei para não romper vínculos,
De sonhos pequenos
Porque os grandes assustavam quem eu amava.

Hoje entendo:
Não fui me tornando por acaso.
Fui me moldando devagar,
Com ternura e dor,
Como quem se aprende
Porque precisa sobreviver
Ao próprio coração.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense
www.odairpoetacacerense.blogspot.com

Instagram
@poetacacerense



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=381094