
O labirinto dentro de mim
Data 23/10/2025 22:18:13 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| Hoje escrevi pouco, mas pensei muito. Descobri que escrever não é produzir frases, É escutar o que o silêncio tenta me dizer. Há uma luz tímida que se acende Quando paro de forçar o pensamento. É nessa penumbra calma Que as palavras se aproximam de mim, Com cuidado, como se temessem ser espantadas. Escrever exige um tipo de paciência Que o mundo desaprendeu. Não a paciência de quem espera o tempo passar, Mas a de quem observa O tempo trabalhar por dentro das ideias, Lapidando-as sem pressa. Às vezes sinto que o texto me escreve também, Devagar, no mesmo ritmo Em que o pensamento vai se clareando. Há dias em que tudo é ruído, E eu, impaciente, tento forçar uma claridade. Mas a escrita não tolera pressa. Ela precisa que eu me demore, Que eu aceite o vazio, Que eu ilumine aos poucos O labirinto dentro de mim. É estranho: quanto mais me rendo, Mais encontro o caminho. Escrever, para mim, é Uma forma de respirar entre as sombras. Cada frase é uma lanterna acesa Na névoa do pensamento. E se às vezes a luz vacila, Aprendo a protegê-la com as mãos da paciência. Hoje compreendi algo simples e duro: A pressa é inimiga da revelação. O que é verdadeiro em mim Só se mostra Quando aceito não compreender tudo de uma vez. Escrever é isso, Iluminar o pensamento, Mas com a humildade de quem sabe Que a luz também cansa, E precisa de escuridão para existir. Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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