
Humanos em metamorfose
Data 24/10/2025 23:51:06 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Quando nos olharem, Verão reflexos distorcidos do que não ousaram ser. Talvez tentem nos medir por réguas antigas, Mas nossas formas dissolvem-se Nas bordas do espelho. Seremos o ruído que escapa da harmonia, A nota que insiste em não caber, E é justamente ali que mora a beleza. Nossa estranheza não pede compreensão, Apenas espaço para respirar. Quem tentar domá-la Acabará se vendo despido de suas certezas, Como quem acende uma vela e percebe Que a chama ilumina também o que teme. Seremos estudados como insetos raros, Mas ninguém notará que somos o espelho do futuro. Eles chamarão de desvio o que é apenas A lembrança do que foram, Humanos em metamorfose constante. Talvez nos temam. Talvez nos adorem. Mas nunca nos compreenderão por completo. Porque a estranheza é o idioma dos que habitam Entre mundos, E o verbo que conjuga o inominável. No fim, aprenderão a lidar conosco Do mesmo modo que o corpo lida com a febre: Suando, delirando, transformando-se. E quando enfim aceitarem o desconforto, Descobrirão que a estranheza sempre esteve neles, Silenciosa, esperando ser nomeada. Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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