O fogo da dor intensa é negro

Data 03/11/2025 12:05:15 | Tópico: Poemas

.
Passaram anos
sem que deixasse de te procurar

Precisava-te, queria-te
amava-te

Esfolei minha pele
de tanto rasgar paredes
Queimei minhas mãos
por te achar nas brasas
Pesquisei o mar, as ondas
e só com peixes falei


Fôramos jovens amantes
Intensos declarados e unidos
Com sangue e saliva
Dantes para sempre
Agarrados, abraçados
Amarrados ao nosso presente
Àquela vida mágica luzente, fantasia


Acabou num intervalo

Não acreditei


Escolhi viver numa teia de aranha
E percorrê-la infinitamente
Sem nunca estar no presente

A vida era o que vivi
E tentava recuperar
Buscando, recuando


Nunca mais te vi
Ou ouvi falar de ti

O nosso passado?
Existiu deveras ou terei sonhado?


Ai, não te quero, maldita
acordo para ninguém ver
e durmo sem nada ter

a teia sou eu quem semeia
elabora, decora, à espera
porque me tornei aranha façanha
nunca mais saberás quem sou
o que a isso levou? só eu sei
e se passares,
que farei deste lugar
[meu berço, que morri ao teu errar]
minha âncora,
meu amor ardendo, queimando
na alma os restos que
ficaram do rosto que tanto quis voltar a beijar












Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=381302