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    	Data 03/11/2025 20:29:41 | Tópico: Textos
 
  |  Monday, 03/11/25 Haviam setenta e duas pessoas na sua frente, esperando serem chamadas para agendarem seus exames. Todas as cadeiras ocupadas, o burburinho das vozes ecoava ferozmente na ampla sala de espera do Hospital dos Idosos na Cohab. Começaram a chamar. Saíra da pensão as quatro e meia da manhã e rumou para a parada na Praça das Sete Palmeiras e apanhou o primeiro 314 as cinco e uns quebrados, descendo dezenove minutos depois na Deodoro em frente ao SESC e seguiu para uma parada em frente ao antigo mercado produtor e do prédio da Embratel. Era para ter chegado mais cedo, mas o motorista do UEMA IPASE não parou, pegou o segundo as cinco e cinquenta e dois.   “Senha um, dois e três – geriatra” – chamou uma voz feminina pelo alto-falante. Os chamados levantavam-se e seguiam para um guinchê.  “Senha, quatro e cinco dermatologista” a mesma voz.  O homem da manutenção e pastor nas horas vagas faz uma oração que é aplaudida por todos presentes no final. Enquanto aguardavam a vez via as imagens numa tv muda de tela plana sintonizada num programa policial do SBT. Atras dele a porta do ambulatório umas meninas chamavam os pacientes pelos nomes para serem consultados, a maioria eram senhoras idosas. Alguém sintonizou na Globo e começava o “Bom dia, Brasil” – para passar o tempo ele lia “As historias de Stephen Crane – Maggie: Uma rapariga das ruas” – Uma medica passa impassiva e desaparece nos guinchês. Finalmente as nove e meia o atenderam – e agendaram as três ultrassonografias para 10 de dezembro. O de sangue ficaram para outro dia. As nove e cinquenta dois rolou a catraca de um São Raimundo – Terminal da Praia Grande em frente a Maternidade Marly Sarney – cortando a cidade, meia hora depois aportou no terminal e de lá embarcou num Piancó, chegando a Pensão as onze horas. Sentia-se exausto, arriou o colchão, lera mais um pouco mas caíra num cochilo. As treze e meia, almoçou uma gostosa galinha sobra de sábado e entristeceu-se com a notícia do falecimento do cantor e compositor mineiro Lô Borges, irmão de Márcio Borges e parceiros do genial Milton Nascimento e Fernand Brant fundadores do Clube da Esquina e autores de muitos clássicos do MPB. Depois do cochilo, começou a ler o mestre da literatura policial americana Dashiel Hammett, esposo da dramaturga Lilian Hellman, o romance “A Chave de Vidro” que intercalava com Stephen Crane e seus contos  
 
 
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