
Friday, 07/11/25
Data 07/11/2025 20:25:33 | Tópico: Textos
| Friday, 07/11/25 - E ai cheirosa – começou Blindowski a elogiar uma irmãzinha que mora no Resende, depressiva, um filhote de quinze anos, separada e a caminho da academia: - Já te falei que te amo. Não tô tomando gosto estou te elogiando. Ela sorriu timidamente e ele começou com aqueles elogios para o poeta, que por sinal detesta e já chamou-lhe atenção: - Esse meu amigo é poeta, fala quatro idiomas e venho aprender inglês com ele. - Então, eu não quero atrapalhar a literatura – disse moça desvencilhando-se de seus braços que teimavam em abraça-la. Blindowski vivia num mundo paralelo, entre a fantasia e a realidade, criando situações inverossímil como a de uma entrevista que iria fazer no São Cristóvão e foi interceptado por três chefões do trafico que pagaram cerveja a tarde toda impedindo-o de ir, mas de qualquer maneira a vaga era dele. Porca miséria! Agora a fixação era o seu retorno ao Grupo Mateus de onde fora recentemente demitido depois de três meses na experiencia – aguardava uma ligação de não sei quem do RH, não vai nem fazer entrevista, a farda e a vaga é dele no novo Mateus da Vila Isabel recém inaugurado como chefe de segurança de perdas e furtos. Dessa vez o rapaz se superou e o poeta cortou-lhe na hora: - Conta outra, essa história já está bem batida. Ele não perdeu o embalo e engatilhou outra: O Chefe dele, (tá fazendo um bico como vigia noturno ganhando cem reais por plantão(?) desconfia que a mulher estar o corneando, pois toda vez que a procura, dar uma desculpa que estar com dor de cabeça e etc e tal. Como ele tem know-how, pois também pegou uns galhos o aconselhou: “Macho, quando a mulher começa com essas desculpas pode acreditar que tá rolando e te digo pode ser com teu melhor amigo ou os vizinhos dos lados ou da frente. Presta atenção, faz como eu dar um desprezo, abandona e procura outra mais bonita. – Sábios conselhos. E a manhã dar seus últimos suspiros debaixo de um sol inclemente e sem nenhuma nuvem no céu. O galo do vizinho barbeiro canta chorosamente a falta de sua companheira, a mais gorda da criação – o barbeiro desconfia que foi Vanderbyt, danado que anda pulando os quintais para roubar juçara e manga. Ao chegar na Pensão foi surpreendido pelo telefonema do filhote avisando que chegara e estava bem no alojamento da empresa no Pará. Aleluia! Aleluia! Graça a Deus! A cadelinha Little Black passeia desconfiada pelo quintal, bem ativa recuperando-se da esterilização o pelo brilha sob a estrita vigilância da Sra. Vince. Relendo Henry Miller em seu icônico “Tropico de Câncer”, o poeta viaja ou melhor sonha com a vida que quer levar quando se aposentar – alugar um quartinho num daqueles casarões do centro com preferencia com uma janela para um beco qualquer, a máquina de escrever numa mesinha, o seu colchonete e seus livros. Maravilha. E tarde se esvaia numa enorme sombra pacifica sobre o quintal da pensão da Sra. Vince, Vila Embratel. Alguém deu descarga no banheiro. O radio do vizinho em alto volume destilando seus hinos e pregações evangélicas e átimo nostálgico pensou no filhote tão longe e tão perto de seu coração. Que Deus o protegesse! E as danças húngaras de Brahms.
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