
Jardim do devaneio
Data 08/11/2025 12:19:56 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Nasce o devaneio Quando o silêncio respira fundo, É ali que o desejo encontra o espelho da alma E a tentação veste o perfume do impossível. Toda imaginação tem um ponto de febre, Um brilho úmido entre o real e o sonho, Onde o corpo quer tocar O que a mente teme nomear. O devaneio é um jardim Escondido sob as pálpebras. As flores são desejos antigos, As sombras, Tentações que nunca aprenderam a morrer. Há um instante Em que o pensamento se curva Ao prazer do próprio delírio. É aí que o devaneio nasce, Filho da falta e do fogo, Irmão do que não se pode dizer. Tudo o que desejamos demais cria um eco. Esse eco se transforma em sonho, E o sonho, quando não cabe mais na noite, Vira devaneio, Um rio subterrâneo de vontades sem nome. O devaneio não é fuga, é retorno. Retorno àquilo que fomos Antes da razão nos domar, À pureza do querer, Ao instante Em que o proibido ainda não tinha forma. Poema: Odair José, Poeta Cacerense www.odairpoetacacerense.blogspot.com
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