
Morning monday, 10
Data 10/11/2025 20:13:39 | Tópico: Textos
| Morning Monday, 10 - Good morning, my Sweet day! Pai Cardin fazia seus alongamentos em pé segurando-se na grade da janela. Aos oitenta e poucos anos ainda empolgava-se por um pixixitinha casada da rua 25 que dava-lhe o maior mole. Ela era uma dessas louquinhas chifreiras que já perdera o respeito das convenções sociais pelo marido que a idolatrava e fazia ouvido de mercador quando as pessoas insinuavam alguma coisa a respeito de pular o muro. Ele a amava. E Pai Cardin também mesmo sem rolar nada do que umas caricias inocentes. - Ela já passou? Perguntava todas as manhãs quando o sr. Com ia pegar o café com Little Fat, filho dele. - Eu não vi – respondia. Pai Cardin não está bem dos olhos – cataratas bem avançadas que o impediam de enxerga-la passando no carro do corno velho. Antigamente ela fazia um tempo conversando enquanto esperava o ônibus e a tarde quando vinha do trabalho. No meio da manhã, premido pela natureza fisiológica fechou o atelier e subiu a passos de cagados rumo a pensão. No meio da ladeira, Seu Jorlene lhe deu a triste notícia: Seu Fernando faleceu. O mestre Fernandão, funcionário do Teatro Artur Azevedo, cenografo por quase sessenta anos de atividade e teve o prazer de conhecer pessoalmente os grandes do teatro brasileiro – Grande Otelo, Paulo Autran, Fernanda Montenegro, a bela e graciosa Tônia Carreiro e outros. O poeta o tinha em grande estima por ser um repositório da historia do teatro. Na pensão foi preciso com um relógio suíço, mudou de roupa, apanhou o Almanaque Abril 2002, a toalha e o sabonete no quintal e enfurnou-se no banheiro e fez o que tinha de fazer sem muito alarde, depois banhou-se, vestiu a farda cotidiana e desceu novamente para a oficina, na esperança de qualquer coisa inesperada. - A senhora é a musa do poeta! – Exclamou Clay, o pedreiro quando reconheceu a sra. Van na porta da casa dela onde fora fazer uns serviços. - Ex – respondeu laconicamente fria e sem qualquer emoção como o Dr. Spock de Jornada das Estrelas faria. Depois do almoço dominical – uma boa carne de porco frita, torta de carne moída e coração de boi assado com macarrão, arroz e feijão o poeta capotou pesadamente, fora apenas seis doses de vodka despertando com a Sra. Vince chamando-o para fechar a janela de seus aposentos – era seis horas da tarde, levantou-se ainda zonzo – meia hora depois atravessava o oceano Atlantico num porta-contêiners da turca Arkas, saindo do porto de Algeciras na Espanha para Nova York, EUA com mais de oitocentos contêineres. Maravilha. Sr. Com amava os navios e se fosse mais novo habilitaria-se para ser um marinheiro de convés ou quem sabe um piloto. Mas o seu tempo já passou, agora ve-los o satisfazia. Mamou umas doses no Lasierra que voltou mais revigorado da amputação do dedo – nada de açúcar e o sonho de ficar milionário e a volta ao Popular. O poeta trouxe um restinho de vodka no litrinho e um livro espirita da Dona Zibia Gasparetto “Quando a vida escolhe” ditado pelo espirito Lucius.
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