
Pai José - um domingo de sol
Data 22/11/2025 11:26:01 | Tópico: Textos
| X Um domingo de sol
Meu amigo Fome suspeitava de alguma coisa ... Observava todos os meus movimentos. Preparei o café da manhã - café sem leite, pedaços de queijo e salsicha (de Lyon) fora da validade que catei na lixeira de um supermercado. Joguei umas salsichas para ele. Estava amuado, rosnando, desconfiado e ameaçador. "Bonjour, Monsieur. Faim",cumprimentei-lhe amigavelmente. Um belo sol clareava o pátio. Os baldes cheios de água no canto, Faim os viu e latiu. Correu e enfurnou-se debaixo da mesa. Quando viu-me com o coleira na mão,empinou as orelhas, levantou e tentou escapar. Aproximei-o cautelosamente- “Quieto, meu bom amigo. Eu sei que você não gosta de banhar, mas um banho irá beneficiar você”!... Fazia um mês que não o banhava. Com seus olhos tristes, fitou-me com desconfiança. – “Calma, mon petit ami” Começou a latir, encostando-se contra a parede ... Rapidamente, coloquei a coleira no pescoço dele. Tentou desvencilhar-se, mas estava dominado. Comecei a puxá-lo gentilmente e levá-lo para os baldes. Antes, era pior porque corria por todo os cantos e uma vez, despencou no quintal, uma altura de três metros, mas graças a Deus, não quebrou nada. Depois de uma grande luta, o banhei. Agora está calmo e deitado no sobre um pedaço de tapete afegão que e ganhei de uma senhora onde faço a faxina no sótão. Fome manhoso e de olhos fechados; Cobri-o com uma grande toalha de mão decorada com um sinal de Escorpião. Tudo o que tenho aqui, ganhei ou achei ... Até a comida, às vezes eu compro, mas é muito difícil . O9: 30 - Ouço o meu programa Chorinhos & Chorão na Universidade FM. Este programa, faz-me recordar , quando tinha uma família - uma mulher e meu filho – morávamos na Vila Embratel.. Depois contos-lhe esta história. Meu bom amigo Fome fingi que dorme . Os raios do sol invadem todo o apartamento pelas portas-janelas Uma brisa fresca com um cheiro de água salgada vem da Baía de São Marcos. Tudo está em silêncio. Minha cadeira de balanço perto da sacada, o pequeno rádio em alto volume com a beleza do choro de Pixinguinha. 10:00 – terminou o programa. Desliguei o pequeno rádio para economizar as pilhas. Levantei-me, deixei "Candido" sobre a mesa. Um gole de conhaque ... O Sr. Faim, , abre um olho discretamente. Desço o pátio e acendo o fogo para preparar o almoço dominical. Menu de hoje: macarronada misturado com carne seca, bacon defumado, salsicha, queijo, presunto, mortadela e ovos, todos cortados em pequenos pedaços e uma salada de pepinos. Também preparo uma garrafa de café. Monsieur Faim latiu do alto. - "Meu amigo espere um pouco. O rango está muito bom" - digo. Ele balança a cauda com aprovação ... gosta de macarrão. Meia hora depois ... Tudo está pronto para o almoço. A grande panela de macarrão fumegante na mesa com uma linda toalha de tecido escocês embaixo de um plástico transparente. Pratos e garfos. O prato de salada. Meia garrafa de conhaque. Monsieur Faim sentar-se na cadeira ao meu lado com a língua de fora toda babada. - " – Sirvo-lhe o macarrão em seu prato. Um almoço típico de domingo em família. Nos empanturramos, conversamos muito, enquanto entorno umas doses de conhaque. Devo dizer que é um bom ouvinte, ouve tudo sem intervir. Quando termino de falar lati e balançando a cauda. Muito inteligente e prestativo. Vivemos juntos cinco anos desde que o achei jogado no Mercado., Sujo,magro, ferido e gemendo sem forças nem para andar,. tremendo de frio.. Nossos olhos se cruzaram e senti pena tão grande dele. Pobrezinho Então, eu o adotei, e o batizei Fome, estava sempre brocado tratei e curei suas feridas. Desde então, nunca nos separamos. Sempre juntos, onde vou, vai também . Nunca me abandonou, nem mesmo quando estou muito bêbado e dormo nas calçadas. Fica junto de mim, vigiando-me. Um velho amigo me disse que um bom mendigo tinha que ter duas coisas na vida: um carrinho de mão para ganhar a vida e um bom cachorro para protegê-lo. É verdade! Após nosso copioso ágape, fomos deitar. Armei a rede próximo a janela e apaguei.
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