Madrugada da vespera de Natal -2025

Data 24/12/2025 18:33:36 | Tópico: Textos

Madrugada da véspera de Natal – 2025
Estava sem sono, os mosquitos picavam-me incessantemente, rolava na rede inquieto. Coçava-se. – essa rede é amaldiçoada por algum espirito maligno – pensou – Então pego o livro de Durrel e tento lê-lo na penumbra, deitado e açoitado impiedosamente pelas malditas pragas zumbindo nos seus ouvidos – as letras embaralharam-se e ficaram difíceis para ele decifra-la. Deve ser a fraca luz – pensou com seus botões inexistentes, então resolveu ir para a copa-cozinha – As letras normalizaram-se como num passe de magica, antes deu uma olhada no silencioso relógio a pilha da sala as escuras. – Eram três horas da manhã de quarta-feira, véspera do Natal – o primeiro que passará sem a companhia de seu único e amado filhote, que está no meio das selvas paraenses, trabalhando num frigorifico. Sabe lá como está mesmo? Que Deus o proteja! – pediu.
Senta para ler “Tunc, tunc” de Durrel, o amicíssimo do mestre Henry Miller que o cita em seu livro “O Colosso de Marussia” – relata a sua viagem a Grecia, antes da II Guerra Mundial. Bom, aqui consigo e vou em frente – comentou – Também esperava a friagem de 23 graus que IA da Google lhe disse que aconteceria nessa madrugada – Ontem fez 26 graus. A danada da little Black enroscou a corrente no pé da mesa e fez um barulho que acordou a iracunda senhora Vince – ele a puxa, para desvencilhar-se do pé e evita-la que a arrastasse. Foi uma luta renhida, a tinhosa não queria fazer o certo. Fizeram um cabo de guerra. E antes que a senhora Vince chegasse, o poeta recolheu-se aos seus aposentos e deitou-se na rede e praga nele..
São quatro horas e nada da friagem que vem do sudeste. Urino pela terceira vez nessa madrugada. Merendei cedo – dois sandubas de carne com pepino e refrigerante Jeneve. Depois de admoesta-la severamente a Sra. Vince entra no banheiro e sai alguns minutos e segue para seu quarto, deitou-se e sempre resmungando como uma velha coroca e o marido roncando como um porco. Antes da noite colocou as roupas de molho na água de sabão. Coçou as irritantes frieiras nos dedos dos pés e colocou “Leite de Rosas”. Vou a quarta vez ao banheiro e depois deitarei e tentarei dormir sob o fogo cruzado desses pequenos demônios.
Manhã
Acordei ainda sonolento de uma dormida curta de duas horas – leio três livros simultaneamente: as biografias do líder chinês Mao-tsé tung e do revolucionário russo Yelstsin e o romance de Durrel. Lavo as roupas e as estendendo no varal do quintal, debaixo da caixa-d’água. O banho no banheiro com direito a xampu para a simpática barba branca – mudei de roupa e cair no campo – paguei adiantado os trinta dias de pães na Padaria Renascer do mister Robert, o saldo no comandante Lasierra e ainda fiquei no negativo – Ah ladrão velho. Na farmácia nova ao lado do sr. Val adquiri uma pomada para conter as frieiras e uma cartela de quatro analgésico de cafeína e dipirona. Depois do café reforçado com dois sandubas de carne de panela com pepinos, passei a pomada nas frieiras. Fui para o quarto, armei a rede e comecei a maratona de leitura por Mao, hora depois Durrel. A industriosa Sra. Vince com um martelo desmontava o esqueleto de madeira do que fora a cama fedida, junto com o lençol rasgado, sujo e travesseiro empestava o quarto com o fedor azedo de suor e etc.
Quase no final da manhã saiu para procurar um carroceiro para levar o que sobrou da cama – o estofamento de espuma fedido e uma folha de compensado que jazem na calçada encostados na mureta do terraço. Voltou batido, não encontrou nenhum, ainda foi na Praça do Bacurizeiro, atrás de Chico Chicola – mas ele recolhera-se cedo – mamado. Retornou a pensão e a sua renda para concluir “Tun,Tunc” de Durrel ao meio dia. Estava em dúvida, quem encararia primeiro: Yeltsin ou Mao? Tomou um comprimido para se chapar como nos velhos e bons tempos do senhor. O lençol fedido e o travesseio nojento os colocou na sacola grande que viera a rede que ganhara do compadre e colocará no lixo. O caminhão passará no sábado..
- Eu vou de Mao – decidiu-se pelo grande timoneiro chinês.
O cardápio era galinha, mas preferiu fazer a sua boa gororoba: almôndegas, nissin niojo e legumes – bastante cheiro verde, pimenta verde e uma cebola e dois ovos.
Meu, o homem preparou um super prato com arroz e a gororoba e foi degusta-lo no quintal – a fraqueza bateu que suor, fazia tempo que não devorava uma prato desse. E em seguida rede. E feliz Natal.







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