POR DETRÁS DO VÉU

Data 22/05/2008 13:04:39 | Tópico: Sonetos

Se a morte é,verdadeiramente, o findar de tudo
E viver é, tão somente, angariar acúmulo
Fecha-me os olhos; da palavra faça-me mudo,
Posto que tudo não passa de hermético túmulo.

Lança fora os devaneios, tod’esperança.
Transforma já o meu peito em inóspito deserto.
Corta-me os braços da fé, que como uma criança,
Os estendem invisíveis ao tido como certo.

Deixa-me vagar errante por esse mundo louco,
Faça-me entender nada do que já entendo pouco,
Lança-me em coisa nenhuma por detrás do véu.

Faça-me apagar a luz sentindo que inexisto.
Não! Eu prefiro me apegar ao que disse o Cristo:
Tudo o que ligares na terra, ligarás no céu.



(Mt18.18-19)

Frederico Salvo.



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