nada me acresce

Data 23/05/2008 14:28:05 | Tópico: Poemas -> Desilusão

não me acresce
vontade maior que não seja
a de voar no concreto e no absoluto
do vento
no contexto
de relativizar a concupiscência da verve
ao atómico minimalismo
de dar sentido imperfeito
ao que não tem sentido
ao que não digo, ao que não escrevo
e que m’ofende
inépcia d’acto, intacto.
hoje, invoco o sacro
perjuro o herético, o profano
abomino almas conturbadas pelo abuso
da identidade do outro
no arrojo de palmilhar
calçadas em pés de pregos
e empoar em limalhas
o veludo dum templo sagrado
onde deslizo
a cada instante de ser noite, madrugada

rasgam-me a alma!

nada me acresce
que a revolta plasmada no meu verso
em verbo livre
de que me visto e me desnudo
nua, líquida,
nesta entrega maior
à arte de ser tão só palavra.



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