Para Camões MMMMDLXXVII

Data 26/05/2008 10:19:38 | Tópico: Acrósticos

Vislumbra-se ao longe,
Ignorada na negra sombra,
A silhueta do velho Monge.

Edificados muros de sangrenta cidade
Salgados pelo saber dos mares,
Tágides canoras que embalam
Adormecidos e sentidos despertares
Roubado por albugem à verdade.

Tambores que anunciam à chegada
Ordens de cavaleiros andantes,
Donos das leis da espada
Outrora abarbarados comandantes.

Oh, mar louco que me vês partir!

Carcereiro da paz e da saudade,
Ébrio Deus das contendas
Ungido por vozes de calamidade.

Demónios expurgados pela alma,
Expelidos por sede do desejo,
Trazei de novo à vida a morte
Escondida em olhos de carrasco,
Resumida nas vontades de Baco,
Marcada nas mãos dos oceanos.
Infeliz mortal que és fraco,
Navegante de nobre Vasco,
Amante da aventura, sua consorte.
Dias de azedume que versejo,
Odes a pérfida e fatal calma.
7ª Estrofe do Canto VI de "Os Lusíadas"

Estrofe dedicada a Kam Mei Ta



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