
O ranger da porta
Data 04/06/2008 01:11:04 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| Acordo em uma noite sombria Quando de meu sono sirvo anarquia Ao ranger da porta, só eu me via Naquele quarto escuro Numa cama qual murmuro Um canto doce e duro Enquanto a porta rangia
"É apenas a casa que dilatar-se-ia Nesta noite tão sombria Calma, úmida e fria" Pensava eu já sem sono E o medo já me era dono Logo já não via como A casa inteira não rangia
"Será um gato que roçaria Em noite assim tão fria Na porta, p'ra ver se esquentaria O seu pelo já frio Assim gato tão febril Que só lhe restou o frio" Disse eu em calmaria
"Vá-se, gato" Disse como soaria O som de toda ventania Que já de raiva se libertaria Por não conseguir dormir Já sentia obrigado a porta ir E fazer o gato sumir Mas abri a porta e nada via
"Foi a dilatação" Disse em euforia Não o gato que pensei que seria Mas então passou uma corrente fria E uma voz me chamou Naquele quarto me falou "Venha meu senhor Conceder-te-ei anistia"
E assim o que mais temia O tremor de minha fantasia Não era a porta que rangia Era sim meu coração Que em batida que vão Débeis, em vão Era ali que partiria
Enquanto caminharia Pela estrada sabia Que não veria outro dia "Diga a seu senhor Que meu tempo não chegou Ficarei aqui, não vou" Logo aquela voz dormia
"Senhor, por que me levaria Se mais vivo estou a cada dia Anjo da morte nenhum seria, No meu dia, necessário Pois seria bem voluntário Por que esse escárnio?" E a voz já sumia
O ranger mortal partia E com ele minha agonia Ele enfim compreendia Ali não era o meu tempo Não era o meu momento De sair desse desalento Mas ele voltará um dia
BOI
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