ELEGIA PARA MINHA MÃE

Data 06/06/2008 10:50:11 | Tópico: Poemas

vejo-te assim quase morta

no quarto

a manhã cresce adúltera

tens ainda dores do parto

do filho que não fui eu

a manhã cresce na minha mentira

não tenho mais o riso na boca

tenho o beijo breve

pra dizer-te adeus

tenho as mãos cansadas

o dever cumprido

tenho as minhas mortes

estas são tão minhas

tenhos as minhas luas

inventadas em poemas

tenho um caixão de defunto

tenho festivais que ganhei

tenho nada

só fui poeta

a vida inteira

este copo na mão

este cigarro

esta barba comprida

mais nada

(ah, teu filho ainda levo comigo...teu filho)

________________________


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=39963