DOS MANGUES

Data 12/06/2008 18:57:02 | Tópico: Poemas -> Reflexão

Aos homens, micróbios, crenças;
Que assaltam o peito, o leito,
De todos que nos mangues padecem.

Num golpe mortal,
Num surto de dengue,
Num saque fatal,
Com a frieza da inquisição,
Com a morbidez da excreção.

Aos que regurgitam excrementos
De nomes mil,
De faces cor de anil;
Na cianose do famélico
Apodrece Isabel, João, Pedro, Henrique,
Frederico...
Soberanos sem terra,
Gado que se ferra,
Agonia que é eterna.

Aos que cospem sorrisos amarelos,
Que agonizam no posseiro
Que ara o mundo em sonhos;
Em nações indígenas,
Viajantes clandestinas
Em civilização que lhes aflige a vida.
Ao corpo de rainha
Da doce menina,
Que a vida engravida de sonhos,
Que os homens desfazem risonhos.

Na cara suja de lama,
Daquele menino escória de nada,
Apodrecendo em noite de luar,
Aborrecendo em sua fome tumular.






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