Sexta-Feira 13

Data 13/06/2008 22:27:58 | Tópico: Poemas

Jogam-se os búzios nas cartas do tarot,
No medo de ontem pintado em disfarce
E no olhar flácido da velha concubina.
Selam-se os dados lançados e os orixás,
Palavra seca que falou e não mais calou
Sem cor nem forma, sombra sem realce,
Na vida assim, enrolada em serpentina,
Folhas rasgadas, notícias boas e más.

Arde em mim o teu gélido olhar
Pasmado sentimento náufrago da vida,
Pássaro aziago engaiolado na mente
Na raiva de ser sem nunca querer.
Raízes minhas que rogo não lembrar
No esporro desta mísera voz escondida,
Na quente lama dos dias, irreverente,
Passos pisados na alma, a tremer.

O impropério que me persegue e acompanha,
Que escolta a banalidade do meu vento
Com rugidos de bestiais corcéis,
Solta-me nas asas de Deuses olímpios.
Feto bizarro de morte estranha,
Que dita as leis deste azar violento,
Crosta desta terra sulcada em papéis,
Pedra sagrada de todos os princípios.

Gritem o velho braço cansado da árvore,
O secular tronco inerte que chora a dor
Ferido de lutos por meninas histórias,
Espadas cortantes em sangue flamejadas,
Em alvas lágrimas que lavam o mármore.
Suicidam-se em campas rosadas de amor,
Saídos de lendas com tamanhas glórias,
Feitiços imortais de bruxas esquartejadas.


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