Na avenida

Data 24/02/2007 13:20:00 | Tópico: Poemas -> Tristeza

Na avenida:
Os passos
Perdidos de tudo
Da ilusão de um sonho
Que pensavas há muito perdido
Quimeras e questões
Abandonadas ao seu destino
Olhares súbitos de pessoas cegas
Com sede de ouvir blasfémias
Ritmadas e constantes
Passos que se perdem nas calçadas
Sonâmbulos sem rumo
Autómatos de um espaço
De um tempo que não existe...
Na avenida:
O tempo
Algo que não se vê
Troca-se com o olhar e...
Acaba,
Para os perdidos:
Um labirinto de incógnitas
Que nos fazem conhecer uns aos outros,
O ruído apodera-se de nós num momento,
Não acreditas em ti próprio,
Colocaste em choque
Não crês!
O teu Deus já morreu há muito
Talvez o de todos nós
Que nos desacreditamos de tudo
Talvez... Na avenida...

In Retalhos, Papiro Editora, Abril 2006, Porto



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=4085