A Carta Que Nunca Te Escrevi ou a Simples Confissão do Meu Maior Crime (Parte VIII)

Data 17/06/2008 09:09:22 | Tópico: Prosas Poéticas

Hoje é dia de silêncio, dia bom para me deitar sossegado na areia fria da praia e olhar as nuvens cinzentas que vão gotejando lágrimas que se esquivam por entre a aragem simpática de Junho. O Verão tarda em chegar. Os dias de Sol escondem-se por detrás do vôo das Andorinhas, que, loucas, percorrem o espaço em velocidade estonteante.
Aqui ouve-se o nada... vozes que não conheço, que vêm de dentro, embora não saiba bem de onde, mas de dentro. Retribuo esses "nadas" com o ócio que me castra a vontade de parar de escrever, é dia de letras, de palavras aborrecidas que sózinhas são outros "nadas". Digo-te isto por querer acabar com este silêncio infernal, mas também por não saber como o fazer, os "nadas" não têm um botão para desligar ou por outra, o botão sou eu e eu não me quero desligar do que sinto por ti e por mim, não quero que o mundo se desligue assim, sem que haja, só por um dia que seja, um nós.
Sou um fardo que a vida carrega, mas também já carregou tantos. Eu não serei o pior, sou talvez aquele que mais fala no silêncio, sobre o silêncio. E tu vida, que me dizes? Mais um "nada"... uma mão cheia de nada, um suspiro, um sorriso e tanta, tanta raiva.


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