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Data 19/06/2008 15:55:22 | Tópico: Prosas Poéticas

Traço sobre o ar o arco de um corpo por inventar. Espero que a brisa lhe confira dimensão. Que a luz lhe entregue a forma. Espremo a essência dos sons entre sílabas de ternura. Bebo o sal da vida que soltas em lágrimas de saudade. Colho todos os elementos para te reviver, para animar teu rosto com os sonhos e quimeras que inventámos.
Dos lábios solto as palavras mágicas que te tornam palpável, e ali mesmo, existes. Trouxe-te de tempos imemoráveis fazendo-te presente entre as frases que os dedos soltam sobre a folha nua duma brancura imaculada. Feitiço que invento, ou, simples alucinação.
Deslizo sobre os acordes desta música celestial, para segurar teu corpo contra o meu, fluindo sobre este lago de águas paradas que nos serve como espelho, chão que não tocamos, tangente que não ousamos quebrar.
Estiro o braço e solto dos dedos as centelhas que salpicarão o céu, numa noite estrelada. Segues-me em cada passo, em cada oscilação do corpo, como se fosses eu. Danço-te, por entre as nuvens, entre o brilho da Lua e os raios do Sol. O dia segue, colado com a noite, num entardecer suave, vem a madrugada lembrar-nos que outra volta demos ao Universo, o tempo suspende-se duma estrela cadente para nos ver deslizar ternamente.
Este é o presente, que como uma flor te entrego, recordação de um futuro que o passado carrega na palma da minha mão. Singela homenagem a ti mulher de mil rostos, que me segues para onde quer que eu vá.


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